segunda-feira, outubro 24, 2016

Poema dos Náufragos Tranquilos

Somos herdeiros dos quatro ventos
Sem uma vela para lhes dar
Temos amarras e temos lenços
Num cais de pedra para acenar.

Somos herdeiros da maresia
Que salga os olhos de olhar o mar
E temos rios de lava fria
Que se recusam a desaguar.

Somos herdeiros de uma lembrança
de tesouros afundados
e arpoamos a esperança
na nossa morte reclinados.

Somos herdeiros de um rombo aberto
no nevoeiro secular tranquilos
náufragos do incerto
vamos morrer no mar.


(poeta açoriano nascido faz hoje 80 anos)

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